Estes risos me irritam
Não tem graça, não tem graça!
Eu vejo jovens deturpados
Com mentes podres e fechadas.
Uma legião de absurdos,
A incoerência e a desfaçatez.
Eu vejo velhos nojentos
Com suas criancinhas no colo.
Eu vejo o mundo torto,
O céu vermelho-sangue
E uma cidade de fumaça e granadas.
Uma parte de mim anda solta por aí,
A outra, corre desesperada tentando fugir
Pela tangente que eu ainda não encontrei
Da industria imoral que o planeta se tornou.
Então não me olhe, não me julgue, nem me teste.
Odeio testes e você me obriga
A agir como cobaia pros seus pretextos débeis.
Eu não correspondo aos teus olhos inflexíveis,
Que me depuram alma a cada segundo,
Que me corroem as veias numa série intempestiva
De perjúrios frugais que me atribuis por ser livre e sã.
Só penso um dia poder respirar um ar com cheiro de verde,
Tocar na flor de pétala verdadeira, ascender uma vela de cera.
Ter um campo de trigo e um lago pros meus patos nadarem tranqüilos.
Quero o som de instrumentos campesinos e um odre pros meus sonhos infláveis.
Quero seu ar, seu cheiro, sua cor, seu pensamento,
Seus membros e seus sentimentos.